Ao apresentar dados que deixam claro a
disparidade entre o número de lançamentos nacionais e o público atingido
por eles, o cineasta e pesquisador Marcelo Ikeda questiona o modelo de
distribuição que domina o mercado brasileiro e aponta para a necessidade
de diversificar a cinematografia oferecida nas salas nacionais
Hoje, o cinema brasileiro vive um incrível paradoxo: nunca antes
produzimos tantos filmes (segundo a Ancine, em 2011, foram 99 longas
brasileiros lançados) e nunca antes a maior parte desses filmes foi tão
pouco vista. Olhando pela superfície, os dados podem enganar: a
participação de mercado do filme brasileiro está entre 10% e 20%,
percentual que, apesar de pequeno, é equivalente ao de países como a
Alemanha e a Espanha. No entanto, são três ou quatro filmes que compõem a
maior parte do público para o cinema brasileiro: filmes como Tropa de
Elite 2, Se Eu Fosse Você 2, De Pernas Pro Ar, e outros poucos desses
filmes com grande apelo como produto de consumo de massa. De outro lado,
dos 99 filmes brasileiros lançados em 2011, 45 não atingiram um público
mínimo de 5 mil espectadores. O que há de errado nisso? A culpa é dos
filmes, que não têm qualidade? O buraco certamente é muito mais
embaixo.
A velocidade dos fluxos de informação no
capitalismo contemporâneo tem transformado a composição da indústria
cinematográfica mundial, especialmente em relação à distribuição. O
oligopólio global que domina o mercado cinematográfico mundial através
de seis empresas (Fox, Warner, Paramount, Universal, Sony e Disney)
promove lançamentos mundiais, que ficam cada vez menos tempo em cartaz. A
rotatividade desses títulos estimula que esses lançamentos sejam cada
vez maiores (um lançamento simultâneo no número máximo de salas num
número máximo de países), concentrado nas salas de cinema de maior
lucratividade (os multiplexes dos principais centros urbanos das
capitais).
Esse modelo favorece os grandes lançamentos, que
possuem um volumoso aporte de mídia. Isso cria enormes dificuldades para
os chamados “filmes médios”, aqueles que tipicamente se sustentam pelo
boca-a-boca positivo e pela longa manutenção em cartaz. Mas agora não há
mais tempo para o boca-a-boca: se o filme não é bem sucedido no seu
primeiro final de semana, ele será imediatamente substituído por outro. O
tempo de “janela” é cada vez mais reduzido: os investimentos de
marketing para o lançamento nos cinemas devem ser apropriados o mais
rápido possível para o mercado de vídeo doméstico. Com isso, quando os
pequenos exibidores finalmente conseguem cópias disponíveis, os filmes
já estão nas locadoras de vídeo.
No Brasil, atingimos dados
drásticos. Filmes como Rio ou Os Vingadores foram lançados
simultaneamente em mais de mil salas por todo o país. Como o circuito
exibidor brasileiro tem por volta de 2.300 salas, sendo que cerca de
1.800 salas compõem o chamado “circuito lançador”, é possível afirmar
que um único filme chegou a ocupar mais de 50% de nosso mercado
exibidor. Num multiplex como o UCI Iguatemi, composto de 12 salas, 6
delas exibiam o mesmo filme. Isso significa que a cada 10 minutos
começava uma nova sessão desse filme. Como é possível falar então em
“liberdade de escolha do espectador” se metade das salas de cinema do
país exibem o mesmo filme, sustentado por um marketing global?
No
Ceará, o cenário é ainda mais preocupante do que a média do País. Na
semana passada, no dia 19 de junho, comemorou-se o Dia do Cinema
Brasileiro. Mas parece que não havia o que se comemorar, pois nesse dia
não havia um único filme brasileiro em cartaz, considerando todos os
cinemas do Estado do Ceará!!!! A nova administração do cinema do Dragão
do Mar, ligada a um empresário de um cinema de shopping, retirou os
filmes brasileiros da programação. Em sua primeira semana de
administração, programou Os Vingadores. Ou seja, um cinema de um centro
cultural do Estado, que deveria ter uma programação diferenciada, acaba
se voltando à mesma lógica de programação dos demais cinemas.
Outro
exemplo drástico: os filmes dos cineastas cearenses não conseguem ser
exibidos em sua própria cidade. Temos diversos filmes cearenses prontos,
exibidos em importantes festivais de cinema no país e no mundo, mas que
não obtiveram lançamento comercial. Entre eles estão Rânia, Homens com
Cheiro de Flor, Num Lugar Errado, Patativa do Assaré, Os Últimos
Cangaceiros, e alguns outros.
Há outro caso ainda mais grave:
filmes cearenses que foram lançados nos cinemas do eixo Rio-São Paulo e
em Recife, mas que não conseguem ser lançados em sua própria cidade.
São eles: Mãe e Filha (Petrus Cariry) e Estrada Para Ythaca e Os
Monstros (do coletivo Alumbramento).
Os shoppings possuem
naturalmente uma lógica de funcionamento comercial, e não se quer mudar
isso. Existem, no entanto, outros modelos de programação, outras
possibilidades de trabalhar com os chamados “nichos de mercado”. No Rio,
há exemplos de cinemas em áreas populares que vivem cheios, como o
Ponto Cine (em Guadalupe) e o Nova Brasília (no Complexo do Alemão,
inaugurado após a pacificação da comunidade). O BNDES e a Ancine
acabaram de lançar uma nova linha de financiamento à construção de salas
de cinema, o “Cinema Perto de Você”. Mas para isso, o Estado do Ceará
ou as prefeituras precisam complementar os investimentos, com as
Secretarias de Cultura e Educação. É preciso investir em formação de
público, para, a longo prazo, reverter esse quadro.
Por que
revertê-lo? Porque é importante que os brasileiros tenham acesso a
filmes que pensem o seu País, porque a cultura nos faz refletir quem
somos, e transforma os nossos modos de ser. Porque, antes de sermos
trabalhadores e “votantes”, somos cidadãos. Ter acesso a filmes de
diferentes origens é ter acesso a diferentes modos de pensar e de ser.
Mostram que nem todos pensamos da mesma forma. É um caminho de
cidadania, de aceitação das diferenças, de respeito ao outro. Essa é a
força do cinema, como já o sabiam pessoas tão diferentes quanto
Roosevelt, Eisenstein e Glauber Rocha!!! O circuito de exibição
brasileiro precisa encontrar o seu público!
MARCELO IKEDA é cineasta e professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará. Mantém o blog www.cinecasulofilia.blogspot.com
Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2012/06/23/noticiasjornalvidaearte,2863940/e-ai-perdeu.shtml
domingo, 24 de junho de 2012
Mais salas, menos filmes
Na corrida pela ocupação das salas de exibição,
o cinema de arte tem perdido cada vez mais espaço. Umas das
alternativas encontradas por produtores independentes e por cinéfilos
são os cineclubes
Desde março que o crítico de cinema Wilson Baltazar, 76, colunista do O POVO, está afastado da sua maior paixão. Um infarto deixou-lhe longe (por pouco tempo, garante) das idas rotineiras ao cinema. Ia de duas a três vezes na semana e tinha dias em que ficava para ver de três sessões seguidas. Fosse o que fosse, ele assistia: comédia, terror, drama... Bastava estrear. “Para mim, cinema não tem pátria, foi bom, eu apoio”, diz. Mas a fala se contradiz logo em seguida, quando se toca na palavra preferência. “Os filmes europeus são os meus prediletos, são os mais difíceis”, assume.
Mas não é qualquer europeu que faz a sua cabeça. Seu Baltazar encontra-os mais especificamente nas chamadas sessões de arte. Só que elas têm sido cada vez mais raras e os horários, cada vez menos acessíveis para quem já não está podendo passear tanto assim. “O cinema de arte está perdendo o prestígio. Os horários são restritos e difíceis. Aos domingos, tem sessão que começa às 22 horas. Isso é hora de estar voltando para casa?”, protesta. “Cada vez que se abre um shopping, o cinema que não é comercial, o cinema de arte cai um degrau”, aponta. Verdade.
Ao mesmo tempo em que apontam para o crescimento de apreciadores do cinema de arte, números da empresa de pesquisa Filme B e da Agência Nacional de Cinema (Ancine) mostram que as salas voltadas para este tipo de filme não acompanham o crescimento daquelas destinadas às produções comerciais. Enquanto o público saltou de 89,1 milhões de espectadores em 2007 para 143,8 milhões em 2011, no mesmo período, o número de salas que representava 7,8% do total de espaços de exibição caiu para 6,8%.
Em Fortaleza, os espaços reservados para o cinema de arte são irrisórios. Até abril deste ano, além de uma ou duas sessões do complexo Multiplex (Iguatemi), a capital contava com duas salas do cinema do Centro Dragão do Mar destinadas às produções ditas não comerciais. Com o fim do patrocínio do Banco Itaú ao espaço, a garantia da nova gestão era de que o foco continuaria nos filmes de arte, mas também abriria espaço para às películas mais comerciais para dar opção aos “jovens”. Dito e feito. Hoje, os filmes de arte rotineiramente dividem as salas do Dragão com grandes lançamentos, como o brasileiro “E aí, comeu?”, uma versão brasileira de blockbuster que atualmente está em cartaz no local.
“O mercado de arte vem diminuindo porque hoje o filme só funciona se tiver uma referência, um diretor reconhecido, tiver ganho prêmio em Cannes e se tiver uma boa comunicação”, explica Elias Oliveira, gerente de programação da distribuidora Imovision. A empresa, aliás, foi uma das vítimas recentes do jogo de forças desmedido exercido pelas distribuidoras detentoras de direitos autorais de grandes lançamentos mundiais.
O longa da qual é detentora dos direitos, o documentário em 3D Pina, dirigido por Wim Wenders, ainda estava lotando as salas de cinema quando teve que ceder espaço para a entrada de Os Vingadores. Ele estava na quarta semana de exibição e levando uma média de 1.500 espectadores às salas de cinema nos finais de semana, mas teve que fechar seu público em 100 mil pessoas.
“A gente tem uma linha de produtos diferenciada, trabalha com filmes premiados, tem uma abertura mais consistente nas salas de exibição, mas ainda sinto uma dificuldade de programar porque você tem um número de salas e todas elas ocupadas por grandes filmes”, conta Elias Oliveira. “Mesmo tendo ganhado vários prêmios em diferentes festivais, você tem sempre ter um argumento além dos que ele já tem sozinho. Mas público sempre tem, depende da forma como o filme é divulgado. Toda cidade tem um mercado para cinema independente ”, completa.
Sem o acesso às salas comerciais, os filmes independentes e de arte acabam descobrindo novos rumos e também atraindo aqueles que buscam alternativas para a massificação do cinema. Além dos circuitos de festivais e exibições pela Internet, os filmes independentes estão ganhando cada vez mais espaço nos cineclubes. Em Fortaleza, há pelo menos 40 projetos do tipo funcionando em diferentes bairros e equipamentos culturais da cidade.
Integrante do cineclube Subvercine e representante do Ceará do Conselho Nacional de Cineclubes, Djaci José conta que a ideia de criar espaços de exibição alternativos tem crescido na cidade e espalhado o propósito original dos cineclubes que é a formação de novos públicos. “É uma saída para quem está cansado do circuito comercial, mas a gente sabe que a internet permite muito acesso. O cineclube é interessante porque você está assistindo junto com outras pessoas e tem a possibilidade de discutir uma ideia. Para produtores independentes de curtas e longas, é uma alternativa porque foge das distribuidoras, mas tem o lado de não dar lucro”, aponta Djaci. (Naara Vale)
Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2012/06/23/noticiasjornalvidaearte,2863942/mais-salas-menos-filmes.shtml
Desde março que o crítico de cinema Wilson Baltazar, 76, colunista do O POVO, está afastado da sua maior paixão. Um infarto deixou-lhe longe (por pouco tempo, garante) das idas rotineiras ao cinema. Ia de duas a três vezes na semana e tinha dias em que ficava para ver de três sessões seguidas. Fosse o que fosse, ele assistia: comédia, terror, drama... Bastava estrear. “Para mim, cinema não tem pátria, foi bom, eu apoio”, diz. Mas a fala se contradiz logo em seguida, quando se toca na palavra preferência. “Os filmes europeus são os meus prediletos, são os mais difíceis”, assume.
Mas não é qualquer europeu que faz a sua cabeça. Seu Baltazar encontra-os mais especificamente nas chamadas sessões de arte. Só que elas têm sido cada vez mais raras e os horários, cada vez menos acessíveis para quem já não está podendo passear tanto assim. “O cinema de arte está perdendo o prestígio. Os horários são restritos e difíceis. Aos domingos, tem sessão que começa às 22 horas. Isso é hora de estar voltando para casa?”, protesta. “Cada vez que se abre um shopping, o cinema que não é comercial, o cinema de arte cai um degrau”, aponta. Verdade.
Ao mesmo tempo em que apontam para o crescimento de apreciadores do cinema de arte, números da empresa de pesquisa Filme B e da Agência Nacional de Cinema (Ancine) mostram que as salas voltadas para este tipo de filme não acompanham o crescimento daquelas destinadas às produções comerciais. Enquanto o público saltou de 89,1 milhões de espectadores em 2007 para 143,8 milhões em 2011, no mesmo período, o número de salas que representava 7,8% do total de espaços de exibição caiu para 6,8%.
Em Fortaleza, os espaços reservados para o cinema de arte são irrisórios. Até abril deste ano, além de uma ou duas sessões do complexo Multiplex (Iguatemi), a capital contava com duas salas do cinema do Centro Dragão do Mar destinadas às produções ditas não comerciais. Com o fim do patrocínio do Banco Itaú ao espaço, a garantia da nova gestão era de que o foco continuaria nos filmes de arte, mas também abriria espaço para às películas mais comerciais para dar opção aos “jovens”. Dito e feito. Hoje, os filmes de arte rotineiramente dividem as salas do Dragão com grandes lançamentos, como o brasileiro “E aí, comeu?”, uma versão brasileira de blockbuster que atualmente está em cartaz no local.
“O mercado de arte vem diminuindo porque hoje o filme só funciona se tiver uma referência, um diretor reconhecido, tiver ganho prêmio em Cannes e se tiver uma boa comunicação”, explica Elias Oliveira, gerente de programação da distribuidora Imovision. A empresa, aliás, foi uma das vítimas recentes do jogo de forças desmedido exercido pelas distribuidoras detentoras de direitos autorais de grandes lançamentos mundiais.
O longa da qual é detentora dos direitos, o documentário em 3D Pina, dirigido por Wim Wenders, ainda estava lotando as salas de cinema quando teve que ceder espaço para a entrada de Os Vingadores. Ele estava na quarta semana de exibição e levando uma média de 1.500 espectadores às salas de cinema nos finais de semana, mas teve que fechar seu público em 100 mil pessoas.
“A gente tem uma linha de produtos diferenciada, trabalha com filmes premiados, tem uma abertura mais consistente nas salas de exibição, mas ainda sinto uma dificuldade de programar porque você tem um número de salas e todas elas ocupadas por grandes filmes”, conta Elias Oliveira. “Mesmo tendo ganhado vários prêmios em diferentes festivais, você tem sempre ter um argumento além dos que ele já tem sozinho. Mas público sempre tem, depende da forma como o filme é divulgado. Toda cidade tem um mercado para cinema independente ”, completa.
Alternativa
Sem o acesso às salas comerciais, os filmes independentes e de arte acabam descobrindo novos rumos e também atraindo aqueles que buscam alternativas para a massificação do cinema. Além dos circuitos de festivais e exibições pela Internet, os filmes independentes estão ganhando cada vez mais espaço nos cineclubes. Em Fortaleza, há pelo menos 40 projetos do tipo funcionando em diferentes bairros e equipamentos culturais da cidade.
Integrante do cineclube Subvercine e representante do Ceará do Conselho Nacional de Cineclubes, Djaci José conta que a ideia de criar espaços de exibição alternativos tem crescido na cidade e espalhado o propósito original dos cineclubes que é a formação de novos públicos. “É uma saída para quem está cansado do circuito comercial, mas a gente sabe que a internet permite muito acesso. O cineclube é interessante porque você está assistindo junto com outras pessoas e tem a possibilidade de discutir uma ideia. Para produtores independentes de curtas e longas, é uma alternativa porque foge das distribuidoras, mas tem o lado de não dar lucro”, aponta Djaci. (Naara Vale)
Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2012/06/23/noticiasjornalvidaearte,2863942/mais-salas-menos-filmes.shtml
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